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Foto do escritorDR JOSÉ AUGUSTO NASSER PHD

Nattokinase na doença cardiovascular: investigando a dose

A nattokinase (NK) é uma das muitas enzimas derivadas do produto alimentar nattō (soja cozida e fermentada pela bactéria Bacillus subtilis). Pesquisas recentes demonstraram que essa enzima sistêmica pode exercer atividade fibrinolítica potente, efeitos anti-hipertensivos, antiateroscleróticos e hipolipemiantes, antiplaquetários e neuroprotetores, entre outros. De fato, já utilizada como um agente fibrinolítico com propriedades multifarmacológicas, a NK tem recebido muita atenção da comunidade científica e das indústrias farmacêuticas nos últimos anos. Além das suas ações biológicas, especialmente importantes para as doenças cardiovasculares, em comparação com substâncias comerciais, a NK não desencadeia aberração cromossômica e mutação genética. Além disso, possui uma ação de longo prazo, maior dose tolerável e estabilidade. Vantagens à parte, historicamente, as informações sobre a dose ideal proposta de NK causam confusão e, assim, um limitado uso do seu potencial. Embora usada em todo o mundo, as doses variam muito entre os estudos clínicos, podendo variar até 10 vezes. Ou seja, entre os estudos, encontramos doses diárias desde tão baixas quanto 1.200 FU; 2.000 FU; 3.000 FU; 4.000 FU a doses maiores, 6.000 FU; 7.000 FU e 13.000 FU. [A medida FU (unidade fibrinolítica) indica a potência (ação) do ativo. Atualmente, o padrão para a produção de NK está na potência de 2.000 FU (em 100mg) por cápsula.] Com isso, um importante estudo, publicado na revista Frontiers, foi realizado com o objetivo de estabelecer uma dose efetiva aproximada, ou seja, a potência necessária de NK como tratamento confiável na progressão da aterosclerose e hiperlipidemia. Chen et al. (2022) analisaram retrospectivamente os dados de 1.062 participantes (65-85 anos) chineses que receberam NK para o tratamento de aterosclerose e hiperlipidemia, por via oral durante 12 meses, para examinar a segurança e eficácia, explorando múltiplos fatores que podem influenciar o efeito da enzima. A adesão foi monitorada semanalmente. Em um pequeno número de participantes, a vitamina K2 foi coadministrada na dose de 180 μg, e alguns participantes foram coadministrados com aspirina na dose de 100 mg/dia. Os achados foram surpreendentes, mas sob uma potência diferenciada da nattokinase. Após 12 meses de consumo diário de NK, a dose de 10.800 FU provocou uma redução significativa de TG, CT e LDL-C (P < 0,01) em relação aos valores ante

s do tratamento. Além disso, também aumentou o HDL-C (aumento de 15,8%, P < 0,01). Os níveis de CT, TG, LDL-C e HDL-C melhoraram em 95,4, 85,2, 84,3 e 89,1% dos participantes, respectivamente, após 12 meses de uso de NK. Em conjunto com o estilo de vida, a NK mostrou atuar de maneira mais proeminentemente em pessoas com obesidade, pessoas que consumiam mais bebidas alcólicas, que fumavam e/ou que se movimentavam mais. A dose de 10.800 FU/dia foi bem tolerada, e nenhum efeito adverso perceptível associado ao seu uso foi registrado, confirmando achados anteriores de segurança de uso. Em conclusão, os pesquisadores demonstraram com seus achados que a progressão da aterosclerose e a hiperlipidemia podem ser efetivamente manejadas com nattokinase na dose de 10.800 FU/dia. No caso de um ativo padronizado em um mínimo de (potência) 20.000 FU por grama, isso equivale a cerca de 540 mg/dia. Já a potência de 3.600 FU/dia – ou seja, dose de 360 mg/dia sob a mesma especificação de padronização de 20.000 FU/g – se mostrou ineficaz. Com isso, no manejo da doença cardiovascular, a potência geralmente recomendada de 4.000 FU/dia de nattokinase pode não estar atendendo as necessidades de grande parte dos pacientes sob risco. Adicionalmente, no caso de prescritores que utilizam a medida "miligramas" desse ativo em seus receituários, recomenda-se incluir a especificação da potência desejada, desde que ela pode flutuar de maneira significativa, conforme a qualidade ou padronização do ativo. Fontes: Chen H, et al. Effective management of atherosclerosis progress and hyperlipidemia with nattokinase: A clinical study with 1,062 participants



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