Os resultados mostram que cantores idosos tiveram melhor flexibilidade verbal do que os do grupo controle, que não tinham canto coral como hobby. A flexibilidade verbal reflete melhor flexibilidade cognitiva.
Idosos embarcando em hobbies musicais, como juntar coros, mostram melhorias na função cognitiva e flexibilidade.
Além dos efeitos do estilo de vida, incluindo exercícios físicos e dieta, sobre o envelhecimento, a pesquisa tem voltado cada vez mais sua atenção para os potenciais benefícios cognitivos dos hobbies musicais. No entanto, tais pesquisas têm se concentrado principalmente em hobbies envolvendo instrumentos musicais.
Os benefícios cognitivos de tocar um instrumento já são bastante conhecidos: tal atividade pode melhorar a flexibilidade cognitiva, ou a capacidade de regular e alternar o foco entre diferentes processos de pensamento. No entanto, os benefícios cognitivos do canto coral foram investigados até agora muito pouco.
Agora, um estudo publicado recentemente na revista PLOS ONE fornece evidências de acordo com a qual o canto o canto coral pode gerar benefícios semelhantes ao tocar um instrumento.
Os resultados mostram que cantores idosos tiveram melhor flexibilidade verbal do que os do grupo controle, que não tinham canto como hobby. A flexibilidade verbal reflete melhor flexibilidade cognitiva.
"Isso corrobora os achados obtidos anteriormente sobre os efeitos de tocar um instrumento sobre o funcionamento cognitivo dos idosos e dá algumas indicações de que o canto em forma de coral, também pode potencialmente ter efeitos benéficos semelhantes. Esses achados aumentam nossa compreensão de como diferentes atividades podem moldar a cognição mais tarde na vida também", diz a doutoranda Emmi Pentikäinen.
Aqueles com uma longa história de cantar em um coro experimentam um maior sentimento de união
O estudo também analisou os potenciais benefícios do canto coral para o bem-estar emocional e social dos idosos. Questionários utilizados no estudo demonstraram que aqueles que cantaram em coro por mais tempo, mais de 10 anos, sentiram maior união social do que aqueles com menos ou nenhuma experiência de canto de coro.
Além disso, os sujeitos do estudo que começaram a cantar em coro há menos de 10 anos foram mais felizes com sua saúde geral do que aqueles com maior experiência de canto e aqueles que não cantaram em coro.
"É possível que as pessoas que se juntaram a um coro mais tarde na vida tenham encontrado a motivação para manter sua saúde aderindo a um estilo de vida ativo e saudável. Então, novamente, as relações e as redes sociais proporcionadas por estarem em um coro entre aqueles que o fazem por mais tempo podem ter se estabelecido como parte integrante de suas vidas, aparecendo, portanto, como um maior sentimento de união social", avalia Pentikäinen.
Canto Coral requer processamento de informações versáteis
O envelhecimento traz consigo mudanças no funcionamento cognitivo, bem como no ambiente físico e social dos indivíduos, todos os quais têm impacto no seu bem-estar.
À medida que a população envelhece, torna-se cada vez mais importante identificar formas de melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos.
Segundo Pentikäinen, o canto coral oferece uma boa oportunidade para apoiar o bem-estar dos idosos, pois requer função executiva flexível e a regulação da atenção
"Cantar coro é fácil de fazer na prática, com pouco custo. É uma atividade que requer processamento versátil de informações, pois combina o processamento de diversos estímulos sensoriais, função motora relacionada à produção e controle de voz, produção linguística, aprendizado e memorização de melodias e letras, bem como emoções despertadas pelas peças cantadas", observa.
A pandemia coronavírus também demonstrou o significado da música e do canto para a vida das pessoas.
"As pessoas têm cantado juntas em varandas e de janelas abertas para levantar seu humor."
O estudo fez parte de um estudo longitudinal focado nos efeitos a longo prazo do canto coral na cognição, bem como no bem-estar emocional e social. Foi realizado com a ajuda do conjunto de dados inicial do estudo longitudinal.
Os dados do estudo foram coletados no outono de 2017 com um questionário e com a ajuda de testes neuropsicológicos. Participaram do estudo 106 cantores de coro e 56 disciplinas de controle, todos com pelo menos 60 anos de idade.
Os questionários mediram a cognição, o humor, o engajamento social, a qualidade de vida e o papel da música no cotidiano. De todos os sujeitos, uma coorte menor participou de um estudo neuropsicológico onde foram investigadas diferentes áreas do funcionamento cognitivo.
“Beneficial effects of choir singing on cognition and well-being of older adults: Evidence from a cross-sectional study” by Emmi Pentikäinen et al. PLOS ONE
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